Três colegas fizeram uma vaquinha online e abriram a primeira empresa brasileira que produz impressoras 3D abertas e com software livre.
Rafael Cabral
Popularizar a impressão de objetos com um equipamento produzido no Brasil e baseado em um projeto de software livre e hardware aberto. Essa é a missão da Metamáquina, empresa pioneira da impressão 3D por aqui e que há dois meses funciona em uma das salas da Casa da Cultura Digital, um projeto que reúne diversas empresas e organizações ligadas à tecnologia no centro de São Paulo. Os três idealizadores do projeto – Filipe Alves, Felipe Sanches e Rodrigo Rodrigues (foto abaixo, na sequência) – queriam criar um modelo de negócios diferente e decidiram apostar no crowdfunding, um sistema de financiamento colaborativo em que cada um dá um pouco para ver uma grande ideia sair do papel. O resultado? Em apenas pouco mais de um mês no site Catarse, o grupo conseguiu arrecadar mais de R$ 30 mil de 160 apoiadores, com R$ 18 mil sendo doados apenas nos últimos quatro dias.
"Já contávamos que a maioria das pessoas esperaria os momentos finais para doar, mas no meio disso surgiu uma das iniciativas mais surpreendentes de todo esse processo. Um grupo de pessoas criou um evento no Facebook para captar dinheiro e comprar uma das impressoras 3D dividida em cem pessoas, cada um doando mais ou menos R$30. Eles conseguiram se mobilizar rapidamente e nos ajudaram a fechar as contas", explica Rodrigo, um dos engenheiros por trás do projeto.
A ideia da Metamáquina surgiu quando Rodrigo e Felipe, que se conheciam desde a época em que cursavam engenharia na Poli-USP, viajavam pela Europa para conhecer diferentes hackerspaces, espaços abertos onde interessados em software e hardware se reúnem para criar em colaboração. Ambos faziam parte de um grupo semelhante – o Garoa Hacker Clube, do qual já falamos por aqui - e buscavam uma ideia de empresa que acompanhasse suas afinidades políticas em relação à cultura do software livre.
Foi aí que eles começaram a reparar nas impressoras 3D, uma tecnologia que lembra e muito a computação pessoal nos dias em que as principais descobertas eram feitas por hobbystas que abriam e fuçavam equipamentos em suas garagens. Da mesma forma que os jatos de tinta das impressoras normais fazem movimentos sequenciais para criar imagens coloridas, as impressoras 3D disparam plástico e outros materiais para construir, camada por camada, objetos em três dimensões.
Muitos dos hackerspaces visitados pelos dois haviam montado versões da impressora RepRap, uma iniciativa acadêmica que conseguiu construir uma comunidade mundial de interessados em usar e aprimorar a tecnologia de impressão 3D aberta. Além disso, ela é a primeira a primeira impressora 3D autoreplicável do mundo – ou seja, capaz de imprimir suas próprias peças e criar outro equipamento igual.
O problema é que montar uma RepRap ainda é complicado para quem não tem grandes conhecimentos técnicos e a sua principal adaptação comercial – a norte-americana Makerbot – ainda é muito cara para ser importada no Brasil. "Vimos que poderíamos melhorar o projeto se repensássemos alguns recursos e mudássemos o desenho de algumas peças. Além disso, descobrimos que poderíamos vender o equipamento por um preço muito mais em conta do que as concorrentes internacionais", explica Felipe.
Depois de estudarem e criarem adaptações ao projeto original, os dois fizeram um protótipo da Metamáquina 3D e chamaram Filipe Alves, que já tinha experiência com empresas de tecnologia, para ajudar a gerir o projeto. Com a vaquinha realizada no Catarse, o desejo de montar uma empresa virou realidade. Os três agora trabalham para imprimir e montar o primeiro lote de equipamentos vendidos, que já estão começando a ser enviados para os seus compradores.
Todas as alterações desenhadas pelos colegas foram postadas no acervo geral da RepRap e podem ser usadas por qualquer pessoa que deseje fabricar ou aprimorar o modelo. "Muitas das nossas propostas de parcerias não saem da primeira reunião pois alguém sempre sugere que nós façamos uma patente do produto. Não é do nosso interesse, queremos manter o projeto aberto", explica Filipe.
As impressoras 3D podem ser úteis para arquitetos (que podem imprimir maquetes de casas), designers (prototipagem de produtos), educadores (a tecnologia poderia ser explorada em escolas) e hobbyistas no geral. No Estados Unidos, algumas empresas já se aproveitam da tecnologia para criar novos modelos de negócio, como é o caso da Shapeways – que já imprimiu e enviou pelo correio mais de 1 milhão de objetos e que na semana passada conseguiu um financiamento de US$ 6,2 milhões para ampliar seus negócios.
Interessado em explorar a nova tecnologia? Uma Metamáquina 3D montada, testada e calibrada sai hoje por R$ 3700. Já o kit completo para montar em casa fica em R$ 2900. Mais informações no site oficial da empresa.
Divulgação |
Popularizar a impressão de objetos com um equipamento produzido no Brasil e baseado em um projeto de software livre e hardware aberto. Essa é a missão da Metamáquina, empresa pioneira da impressão 3D por aqui e que há dois meses funciona em uma das salas da Casa da Cultura Digital, um projeto que reúne diversas empresas e organizações ligadas à tecnologia no centro de São Paulo. Os três idealizadores do projeto – Filipe Alves, Felipe Sanches e Rodrigo Rodrigues (foto abaixo, na sequência) – queriam criar um modelo de negócios diferente e decidiram apostar no crowdfunding, um sistema de financiamento colaborativo em que cada um dá um pouco para ver uma grande ideia sair do papel. O resultado? Em apenas pouco mais de um mês no site Catarse, o grupo conseguiu arrecadar mais de R$ 30 mil de 160 apoiadores, com R$ 18 mil sendo doados apenas nos últimos quatro dias.
"Já contávamos que a maioria das pessoas esperaria os momentos finais para doar, mas no meio disso surgiu uma das iniciativas mais surpreendentes de todo esse processo. Um grupo de pessoas criou um evento no Facebook para captar dinheiro e comprar uma das impressoras 3D dividida em cem pessoas, cada um doando mais ou menos R$30. Eles conseguiram se mobilizar rapidamente e nos ajudaram a fechar as contas", explica Rodrigo, um dos engenheiros por trás do projeto.
A ideia da Metamáquina surgiu quando Rodrigo e Felipe, que se conheciam desde a época em que cursavam engenharia na Poli-USP, viajavam pela Europa para conhecer diferentes hackerspaces, espaços abertos onde interessados em software e hardware se reúnem para criar em colaboração. Ambos faziam parte de um grupo semelhante – o Garoa Hacker Clube, do qual já falamos por aqui - e buscavam uma ideia de empresa que acompanhasse suas afinidades políticas em relação à cultura do software livre.
Foi aí que eles começaram a reparar nas impressoras 3D, uma tecnologia que lembra e muito a computação pessoal nos dias em que as principais descobertas eram feitas por hobbystas que abriam e fuçavam equipamentos em suas garagens. Da mesma forma que os jatos de tinta das impressoras normais fazem movimentos sequenciais para criar imagens coloridas, as impressoras 3D disparam plástico e outros materiais para construir, camada por camada, objetos em três dimensões.
Muitos dos hackerspaces visitados pelos dois haviam montado versões da impressora RepRap, uma iniciativa acadêmica que conseguiu construir uma comunidade mundial de interessados em usar e aprimorar a tecnologia de impressão 3D aberta. Além disso, ela é a primeira a primeira impressora 3D autoreplicável do mundo – ou seja, capaz de imprimir suas próprias peças e criar outro equipamento igual.
O problema é que montar uma RepRap ainda é complicado para quem não tem grandes conhecimentos técnicos e a sua principal adaptação comercial – a norte-americana Makerbot – ainda é muito cara para ser importada no Brasil. "Vimos que poderíamos melhorar o projeto se repensássemos alguns recursos e mudássemos o desenho de algumas peças. Além disso, descobrimos que poderíamos vender o equipamento por um preço muito mais em conta do que as concorrentes internacionais", explica Felipe.
Depois de estudarem e criarem adaptações ao projeto original, os dois fizeram um protótipo da Metamáquina 3D e chamaram Filipe Alves, que já tinha experiência com empresas de tecnologia, para ajudar a gerir o projeto. Com a vaquinha realizada no Catarse, o desejo de montar uma empresa virou realidade. Os três agora trabalham para imprimir e montar o primeiro lote de equipamentos vendidos, que já estão começando a ser enviados para os seus compradores.
Todas as alterações desenhadas pelos colegas foram postadas no acervo geral da RepRap e podem ser usadas por qualquer pessoa que deseje fabricar ou aprimorar o modelo. "Muitas das nossas propostas de parcerias não saem da primeira reunião pois alguém sempre sugere que nós façamos uma patente do produto. Não é do nosso interesse, queremos manter o projeto aberto", explica Filipe.
As impressoras 3D podem ser úteis para arquitetos (que podem imprimir maquetes de casas), designers (prototipagem de produtos), educadores (a tecnologia poderia ser explorada em escolas) e hobbyistas no geral. No Estados Unidos, algumas empresas já se aproveitam da tecnologia para criar novos modelos de negócio, como é o caso da Shapeways – que já imprimiu e enviou pelo correio mais de 1 milhão de objetos e que na semana passada conseguiu um financiamento de US$ 6,2 milhões para ampliar seus negócios.
Interessado em explorar a nova tecnologia? Uma Metamáquina 3D montada, testada e calibrada sai hoje por R$ 3700. Já o kit completo para montar em casa fica em R$ 2900. Mais informações no site oficial da empresa.
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