Estamos nos meses mais quentes do ano e nesse período do ano surge o grave problema ambiental das queimadas. Este hábito tão rotineiro causa enormes impactos negativos ao meio ambiente. Muitas pessoas ainda consideram o fogo como uma solução rápida e eficiente para a limpeza de pastos, restos de cultura, quintais e até mesmo lixo. Infelizmente, por falta de informação, as queimadas ainda estão tão presentes na nossa vida.
É evidente que não basta apenas condenar as queimadas, é necessário convencer as pessoas dos inúmeros malefícios que essa prática causa para milhares de espécies – principalmente para nós seres humanos. O assunto é complexo e envolve mudanças de atitudes e consciência ambiental, mas vale a pena detalhar alguns dos impactos negativos:
erosão: as queimadas destroem a vegetação e expõem o solo à ação dos ventos e das águas que provocam erosão. É fácil imaginar como funciona este mecanismo. Em um solo protegido pela vegetação, as gotas de chuva são amortecidas pelas folhas e podem infiltrar naturalmente. Sem a vegetação, o vento e – principalmente - a chuva levam a terra com mais facilidade causando erosão;
poluição atmosférica: por causa dos desmatamento e das queimadas, o Brasil é o quarto país do mundo que mais emite gases do efeito estufa, contribuindo para o agravamento do aquecimento global. Nessa época do ano, com a baixa umidade do ar e do solo, as queimadas são grandes vilãs da poluição, emitindo toneladas de gases tóxicos como monóxido de carbono, dióxido de nitrogênio, dióxido de enxofre e ozônio. Segundo relatório publicado pela ONG ambiental Global Canopy Programme, as queimadas de áreas florestais são a 2ª maior fonte mundial de emissões de gases do efeito estufa;
assoreamento dos cursos d'água: consequência direta da erosão, este fenômeno causa imensos impactos negativos aos cursos d'água. O assoreamento pode eliminar várias espécies da vida aquática, prejudicar a navegação e afetar o equilíbrio ambiental de uma bacia hidrográfica. Para se observar se uma região está sofrendo uma erosão muito pronunciada basta que se observe a água das enxurradas e dos rios após as chuvas. Se for barrenta é porque a região a montante está sendo muito erodida;
empobrecimento do solo: há uma crença de que as queimadas são boas para o solo, isso porque o produtor realmente tem um ou dois anos de boa produtividade, já que o processo acaba concentrando alguns nutrientes importantes para a plantação como o fósforo. Mas nos anos seguintes fica constatada uma perda excessiva dos nutrientes. Uma pesquisa da Embrapa Amazônia Oriental mostra que, em sete anos, são perdidos 96% de nitrogênio, 76% de enxofre, 47% de fósforo, 48% de potássio, 35% de cálcio, e 40% de magnésio;
gasto maior com fertilizantes: por causa da perda de nutrientes, com o passar dos anos, o produtor tem que utilizar mais adubos e fertilizantes, aumentando o custo da produção. O uso indiscriminado de fertilizantes contribui grandemente para o desequilíbrio ambiental, injetando na biota elementos que podem provocar a poluição e contaminação de solos e dos aquíferos;
doenças: crianças, idosos e portadores de doenças cardiorespiratórias prévias, incluindo os asmáticos, compõem a população mais suscetível aos efeitos da poluição atmosférica. Em crianças agrava os casos de asma, em idosos provoca aumento na morbimortalidade por doenças respiratórias e cardiovasculares, como doença pulmonar obstrutiva crônica, desencadeamento de crise asmática, diminuição da função pulmonar e infarto agudo do miocárdio.
Além de tudo isso, as queimadas podem secar nascentes de água, provocar prejuízos irreparáveis à fauna e flora, fugir do controle e destruir imóveis e instalações, matar animais e estabelecer incontáveis desequilíbrios ambientais. Diante de tantos impactos vale pensar um pouco mais antes de utilizar essa prática tão perigosa. O fogo é um recurso que deve ser utilizado com muito critério e de forma parcimoniosa, afinal ele foi uma descoberta que revolucionou nosso modo de viver e seu uso deve ser sempre a favor da vida.
0 comentários:
Postar um comentário